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terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Tavira 
à volta do Pelourinho
 Nota: Deliberadamente continuo s escrever segundo as normas do  ACORDO DE 1945


Muito se tem procurado pelo Pelourinho de Tavira e não se encontra.
O que os guias de turismo identificam como pelourinho ou picota conduzem-nos a um padrão que se ergue na parede lateral da Igreja de Santa Maria, em frente ao Castelo, num pequeno espaço ajardinado, um memorial do Infante D. Henrique ali erguido em 1960. 

Segundo testemunhos gráficos, registados em Plantas de Tavira,  registam-se dois locais onde se ergueu o Pelourinho da cidade.

1 - Planta do Castelo de Tavira 
  


Uma planta do Castelo de Tavira levantada pelo Tenente Coronel Sande de Vasconcelos  identifica-o no Largo do Castelo mesmo em frente à porta principal, como se pode ver pela gravura, e onde, actualmente se ergue o padrão–memorial erigido em 1960 para recordar a morte do Infante D. Henrique. 
Tavira presta homenagem ao Infante que  no regresso da conquista de Ceuta, em 1415, ali foi armado cavaleiro (em cerimónia religiosa) e na Igreja de Santa Maria do Castelo recebeu o título de Duque de Viseu e Senhor da Covilhã.
Com ele também ali foram armados cavaleiros os dois irmãos: D. Duarte e D. Pedro e este último, também recebeu o título de Duque de Coimbra.

(Mais tarde viria a ser Mestre da Ordem de Cristo, Ordem herdeira dos Templários, e o grande mentor dos Descobrimentos)

Por isso, os tavirenses, em  1960 e sensivelmente no mesmo sítio ergueram um padrão comemorativo dessa honra quando a armada regressou da conquista de Ceuta, 1415, e aportou em Tavira.


Algumas páginas divulgadas pela Net  dão a este padrão, erradamente,  a categoria de pelourinho de Tavira


Memorial ao Infante D. Henrique 
Erigido em 1960, no 5º centenário da sua morte  em Sagres  - 13 de Novembro de 1460 


2 - Planta de Tavira - Sande Vasconcelos - 1800






 Não é conhecido nenhum texto que faça referência, com exactidão, à existência do pelourinho bem como da sua localização.
Mas estes dois testemunhos gráficos-cartográficos atestam a sua existência.
Este remonta ao século XVIII, e representa a Praça da Ribeira, (1)  o edifício Municipal, a "Principal", a Igreja do Loreto, o rio e o casario do lado norte, legendado e identificando, por numeração, as edificações existentes.
Com o número 11, verificamos, então, a indicação de "Pelourinho".
Fazendo fé neste desenho, leva-nos a crer que o Pelourinho de Tavira nesta data estaria localizado na Praça da Ribeira, próximo do edifício da Câmara, junto à margem do Rio Gilão.

Resumindo, o Pelourinho de Tavira esteve assente em dois lugares distintos: 
Largo do Castelo até ao século XVII (1645) 

Largo da Ribeira até ao século XIX (1864)

Castelos, igrejas, sempre foram os centros das vilas e cidades, por razões mais que óbvias.
Naturalmente,  com o andar dos tempos, os centros das povoações deslocaram-se para zonas mais afastadas dos castelos, acompanhadas pelos Paços do Concelho.
Em Tavira, os Paços do Concelho deslocaram-se para a zona ribeirinha e portuária e o centro foi-se deslocando para o Pelourinho, por razões que se advinham,  a Câmara e centro da cidade tinham-se deslocado para a zona ribeirinha, e por isso o pelourinho foi deslocado do Alto de Santa Maria do Castelo, para a zona ribeirinha, cerca dos Paços do Concelho.

Em 1864 o executivo camarário (2) toma a decisão de  demolir o Pelourinho.
Decisão oficialmente tomada em sessão de câmara de 4 de Junho de 1864, ficando registado em acta que o procedimento se justificava “não só por ser um monumento de vergonhosa recordação como pela grosseiríssima forma da sua construção”.
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(1) depois Praça da Constituição séc. XIX; Praça da República séc. XX e antes Largo da Praça e Rossio de Tavira
(2) A Câmara era então presidida por Manuel Joaquim Paes de Sousa, barão da Capelinha


Obs — A vetusta cidade de Tavira tem tido de tudo
Além deste vandalismo (hipocritamente justificado em acta) já no século XX um outro edil mandou destruir uma edificação em pedra –estação elevatória de água– e mandou colocar uns canos na ponte antiga para passagem de água de uma margem para outra.

Conceitos e comportamentos de elevado sentido negativo na Defesa do Património, o daquelas cabeças.
Lado direito - Edificação "Torre de Água"  (Rua dos Pelames) mandada derrubar pelo edil comunista à volta dos anos  1975 do séc. XX
 Que mal lhe terá feito? 



A Título de curiosidade  anexa-se a mais velha Planta de Tavira conhecida.

PLANTA DE TAVIRA DE 1555  DESENHO DE LEONARDO DE FERRARI